A importância da vitamina D para a saúde dos ossos

 

Nos últimos anos, estudos científicos atribuíram à vitamina D uma série de funcionalidades importantes para o corpo humano, chegando a classificá-la como mais que uma vitamina, um pró-hormônio. Ela está presente em tecidos e reações químicas de diversos órgãos, participando de ações anti-inflamatórias, moduladoras de imunidade, de prevenção a doenças, e sua principal função: a formação e saúde ósseas.

Através da Vitamina D, adquirida a partir da exposição à luz do sol ou do consumo de alimentos como peixes gordos e laticínios fortificados, que é possível manter os nossos níveis adequados de cálcio e fósforo, essenciais para a estrutura do osso. Quando ingerida ou sintetizada pela pele, a vitamina D age nos tecidos celulares das paredes do intestino, aumentando a capacidade de absorção desses dois minerais e, também, nos rins, mas para reduzir a eliminação do cálcio. Por isso, pessoas que realizam a suplementação de cálcio são aconselhadas a também suplementar a Vitamina D.

 

Remodelação óssea. Uma atividade essencial para o organismo.

Além de manter os níveis de cálcio e fósforo, a vitamina D oferece um segundo benefício inerente à qualidade dos nossos ossos: regular as funções osteoblásticas e osteoclásticas. A primeira, feita pelos osteoblastos, é a propriedade de produção óssea, ligada ao crescimento e reparo de fraturas e microfraturas. Já a segunda, realizada pelos osteoclastos, é responsável pela absorção de minerais do osso para disponibilizá-los na corrente sanguínea quando os níveis de cálcio estão baixos. Essa retirada de matéria gera a remodelação óssea mediante à produção de microcavidades no interior dos ossos. Para a saúde óssea, é fundamental que essas duas funções estejam em equilíbrio.

Naturalmente, o consumo de laticínios e a exposição ao sol são reduzidas entre pessoas com mais de 65 anos, fazendo que a oferta tanto de cálcio quanto de vitamina D seja prejudicada. Além disso, os rins passam a ter uma capacidade menor de ativar a vitamina D, aumentando o descarte de cálcio pela urina. Esse é um cenário clássico no qual o nosso organismo lança mão da função osteoclástica para oferecer cálcio na corrente sanguínea e, como a ingestão e a absorção do mineral está reduzida, as microcavidades começam a se tornar mais significantes, aumentando a porosidade e fragilidade dos ossos, um quadro comumente conhecido como osteoporose.

A manutenção de um estilo de vida saudável, contemplando uma alimentação rica em nutrientes e atividades físicas ao ar livre. Afinal, preparar o nosso corpo para receber desafios por ele mesmo impostos na terceira idade é essencial.

 


Referências:
1. Mahan, L. Kathleen, Janice L. Raymond. Krause Alimentos, nutrição e dietoterapia. 14. ed. Elsevier, 2018.
2. Whitney, Ellie. Rolfes. R. Sharon. Nutrição. Vol.1. Entendendo os nutrientes. Cengage Learning, 2017.
3. Cozzolino, F. Silvia Maria. Biodisponibilidade de nutrientes. 6 ed. Atualizada e ampliada. Manole, 2020.

 

Vitamina D aumenta a imunidade?

 

Você já deve ter ouvido “tomar sol faz bem à saúde” ou “pegue um solzinho para melhorar o resfriado”. Mesmo não sendo remédio, a luz solar é muito importante para a absorção da Vitamina D. Sabia que este nutriente tem propriedade imunomoduladora capaz de interferir em infecções?

Além de ser responsável pela manutenção dos níveis de cálcio e fósforo no organismo, a vitamina D também está presente em reações químicas do nosso organismo, como no cérebro, no sistema nervoso, no pâncreas, na pele, nos músculos e cartilagens e em tantos outros lugares.

Já a importância da vitamina D para a nossa imunidade está na sua propriedade de modulação hormonal, além dos seus efeitos anti-inflamatórios e antitumorais. A forma ativa dessa vitamina (VDR) está presente na maioria dos leucócitos, sendo associada a mecanismos como o estímulo à imunidade inata, a inibição da autoimunidade e a produção de substâncias fundamentais para o nosso sistema linfático.

 

A ciência encontra cada vez mais evidências de benefícios da vitamina D.

Cientistas sugerem que a hipovitaminose D (ou deficiência de vitamina D) pode estar relacionada com o desenvolvimento de doenças autoimunes, como doença inflamatória intestinal, lúpus, encefalite autoimune e a artrite reumatoide. Estudos recentes chegam a associar uma possível proteção da vitamina D contra a esclerose múltipla e até mesmo o câncer.

Contudo, ainda não se pode afirmar o seu protagonismo na causa e efeito dessas doenças, mas pesquisas têm comprovado a cada experimento que o seu marcador (VDR) está presente nas reações químicas envolvidas. A partir da adoção de exames de genoma para antecipar possíveis doenças e sinalizar marcadores importantes para acompanhamento do paciente, descobriu-se que o receptor de vitamina D (gene VDR) pode influenciar os riscos de desenvolvimento de alguns cânceres.

 

 

Referências:
1. Mahan, L. Kathleen, Janice L. Raymond. Krause Alimentos, nutrição e dietoterapia. 14. ed. Elsevier, 2018.
2. Whitney, Ellie. Rolfes. R. Sharon. Nutrição. Vol.1. Entendendo os nutrientes. Cengage Learning, 2017.
3. Cozzolino, F. Silvia Maria. Biodisponibilidade de nutrientes. 6 ed. Atualizada e ampliada. Manole, 2020.

  1. I. A. van der Mei and coauthors. Past exposure to sun, skin phenotype, and risk of multiple sclerosis: Case-control study, British Medical Journal 327 (2003): 316-321.

Como saber se preciso suplementar vitamina D?

 

Diferente dos outros nutrientes, a vitamina D pode ser majoritariamente absorvida mediante a exposição ao sol. No entanto, mesmo com essa facilidade para a sua absorção, a deficiência de vitamina D é considerada um problema de saúde pública mundial até mesmo em países que recebem grande incidência de raios solares durante todo o ano.

Entre as funções dessa vitamina em nosso organismo podemos destacar como principal a sua importância para manter os níveis de cálcio e fósforo no sangue. Sendo assim essencial para o crescimento e a remodelação do tecido ósseo.

Além das doenças que podem ser causadas pela sua deficiência, alguns sintomas sugerem a necessidade de suplementação de vitamina D como fraqueza muscular e fragilidade óssea, que resulta em fraturas frequentes. Idade avançada, pele escura, amamentação sem suplementação, pouca exposição ao sol, obesidade, síndrome da má absorção e a presença de doença inflamatória intestinal são fatores que contribuem para o déficit de vitamina D.

Consequências do déficit de vitamina D em crianças e adultos

Em crianças, a falta de vitamina D pode resultar em raquitismo, conhecido mundialmente como “doença da deficiência de vitamina D”. Essa patologia impede a calcificação normal dos ossos, causando retardo do crescimento e anormalidades na sua estrutura, como as pernas arqueadas.

Adultos com baixa concentração de vitamina D podem apresentar osteomalacia. Esta condição é mais frequente em mulheres com baixa ingestão de cálcio, pouca ou nenhuma exposição ao sol e que passaram por gestações e períodos de amamentação. O resultado dessa combinação de fatores é o amolecimento dos ossos, causando arqueamento das pernas e o desenvolvimento de corcunda ainda na idade adulta.

 

Déficit de vitamina D em idosos: um cenário que põe a vida em risco.

Com os idosos o cenário é um pouco mais preocupante. Além do fato de os adultos mais velhos consumirem pouco ou nenhum leite, a idade faz que sua pele, fígado e rins tenham menos capacidade de ativar e produzir a vitamina D. Podemos associar também o fato dessas pessoas passarem mais tempo dentro de casa, expondo-se menos à luz solar. Assim, temos um cenário clássico de síntese insuficiente de vitamina D, que causa a conhecida osteoporose, ou fraqueza dos ossos. Por isso, idosos são mais suscetíveis a quedas e fraturas ósseas ao realizar tarefas simples do dia a dia.

Fique atento aos sinais do seu corpo, opte por um hábito saudável de alimentação e realize exercícios ao ar livre regularmente. Lembre-se de que, em qualquer idade, é recomendada a consulta médica de rotina regular para acompanhar o seu desenvolvimento e prevenir eventuais doenças ou déficits vitamínicos, entre eles o de vitamina D.

 

 

Referências:
1. Mahan, L. Kathleen, Janice L. Raymond. Krause Alimentos, nutrição e dietoterapia. 14. ed. Elsevier, 2018.
2. Whitney, Ellie. Rolfes. R. Sharon. Nutrição. Vol.1. Entendendo os nutrientes. Cengage Learning, 2017.
3. Cozzolino, F. Silvia Maria. Biodisponibilidade de nutrientes. 6 ed. Atualizada e ampliada. Manole, 2020.

Vitamina D na infância

 

A infância talvez seja a fase mais significativa para o nosso desenvolvimento. Pela qualidade da nutrição e saúde das crianças é possível estimar a possibilidade de doenças no futuro. Assim, o marcador do nível de vitamina D (25 (OH) D) tem se mostrado um elemento significativo nessas pesquisas.

Importância da vitamina D para bebês

Para os bebês, onde o único alimento é o leite materno, é essencial que a mãe acompanhe como está o seu nível sérico de 25 (OH) D. Ele será transmitido para a criança através da amamentação. Por isso, a American Academy of Pedriatrics (AAP) recomenda, como prevenção de raquitismo, a ingestão suplementar de 400 UI por dia para lactentes, taxa que pode aumentar até 800 UI por dia em bebês prematuros, de pele escura e aqueles que residam em latitudes do norte ou em altitudes mais elevadas.

O raquitismo, além de causar retardo na evolução da criança pode resultar em uma série de fraturas e consequências estruturais, como pernas e costelas arqueadas e aumento das extremidades ósseas. Igualmente os ossos do crânio demoram mais a se unir e fechar a moleira, o que pode ocasionar o aumento do volume da cabeça.

A formação da dentição, que se inicia entre o segundo e terceiro mês de vida, depende também de um bom nível sérico da vitamina D. Ela é responsável pela regulação de cálcio e fósforo, bases minerais tanto para a dentina (tecido dental posicionado abaixo do esmalte) quanto para o esmalte do dente.

Se preocupar com a vitamina D da infância à adolescência pode prevenir problemas de saúde.
Na infância e adolescência, a atenção ao consumo de vitamina D e o estímulo a uma vida com exercícios ao ar livre são fundamentais para a manutenção da saúde óssea e muscular e reforço da imunidade. As propriedades anti-inflamatórias da vitamina D agem diretamente por meio da modulação hormonal, sendo relevante principalmente nessa fase, em que é comum a aquisição de viroses, infecções respiratórias, alergias e outras doenças.

É importante destacar que as pesquisas avançam cada vez mais estabelecendo uma relação entre a vitamina D (calciferol) e a obesidade mediante mecanismos que regulam o aumento do tecido adiposo. Além desse ponto, foi constatado que baixas concentrações de calciferol estimulam a liberação de mediadores inflamatórios, que acabam contribuindo para o ganho de peso.

A hipovitaminose D é uma questão de saúde pública mundial, muitas vezes ignorada pelas pessoas que acreditam receber sua dose diária apenas pela exposição ao sol. A infância, como tempo apropriado para a construção de conceitos, é a melhor fase para estimularmos a adoção de hábitos saudáveis na alimentação e a vida ao ar livre. Estabelecer o consumo de leite enriquecido, ovo e peixes gordos, como atum e sardinha em lata e o salmão vermelho, além do suco de laranja periodicamente, pode ser um bom jeito de começar.

 



Referências:
1. Mahan, L. Kathleen, Janice L. Raymond. Krause Alimentos, nutrição e dietoterapia. 14. ed. Elsevier, 2018.
2. Whitney, Ellie. Rolfes. R. Sharon. Nutrição. Vol.1. Entendendo os nutrientes. Cengage Learning, 2017.
3. Cozzolino, F. Silvia Maria. Biodisponibilidade de nutrientes. 6 ed. Atualizada e ampliada. Manole, 2020.

4. Wagner CL, Greer FR, American Academy of Pediatrics Section on Breastfeeding, et al: Prevention of rickets and Vitamin D deficiency in infants, children and adolescents, Pediatrics 122:1142-1152,2008

5. Misra M, Pacaud D, Petryk A, et al: Vitamin D deficiency in children and its management: review of current knowledge and recommendations, Pediatrics 122:398-417,2008.

Alimentos Ricos em Vitamina D

 

É natural haver uma discussão sobre a necessidade de ingestão de alimentos ou suplementos, uma vez que é possível sintetizar a vitamina D (calciferol) pela exposição ao sol. Entretanto, precisamos considerar alguns fatores relevantes que reduzem a efetividade dessa produção vitamínica.

Exposição ao sol: eficaz, mas com ressalvas.
A vitamina D obtida através da pele dura duas vezes mais no sangue do que a ingerida nos alimentos, o que leva à afirmação de que podemos obter até 80% da nossa dose diária recomendada por meio do sol. Contudo, o clima, a latitude, as roupas, a cor da pele e principalmente os filtros solares podem tornar um banho de sol totalmente ineficaz para qualquer absorção.

Você sabia que os raios UVB, responsáveis pela síntese desse nutriente, não são capazes de passar através de vidros? E que as pessoas de pele mais clara necessitam de menos tempo ao sol para produzir a vitamina? Aquele solzinho de inverno dentro do ônibus com a janela fechada infelizmente não possibilita sua produção na pele. Além disso, estudos também revelam que um protetor solar com FPS 15 reduz a síntese de vitamina D em 95%, enquanto os com FPS 30 alcançam 99% de redução.

Alguns alimentos são fontes ricas em vitamina D, sim!
Com tantos fatores diminuindo a capacidade de gerarmos o calciferol, é fundamental pensarmos na sua obtenção mediante a alimentação e da suplementação. Portanto, é possível montar um cardápio variado e nutritivo, selecionando algumas fontes relevantes para garantir a sua dose diária recomendada.

 

Os alimentos mais ricos em vitamina D são:

  • Óleo de fígado de bacalhau
  • Peixes gordos (espada, salmão vermelho, sardinha e atum enlatado)
  • Leite, iogurte e margarina (preferencialmente os fortificados)
  • Cogumelos (portobello, chantarelle, shitake e branco)
  • Suco de laranja
  • Fígado bovino
  • Ovo (a vitamina é encontrada na gema)
  • Queijos (preferencialmente os fortificados)

 

Referências:
1. Mahan, L. Kathleen, Janice L. Raymond. Krause Alimentos, nutrição e dietoterapia. 14. ed. Elsevier, 2018.
2. Whitney, Ellie. Rolfes. R. Sharon. Nutrição. Vol.1. Entendendo os nutrientes. Cengage Learning, 2017.
3. Cozzolino, F. Silvia Maria. Biodisponibilidade de nutrientes. 6 ed. Atualizada e ampliada. Manole, 2020.

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