A infância talvez seja a fase mais significativa para o nosso desenvolvimento. Pela qualidade da nutrição e saúde das crianças é possível estimar a possibilidade de doenças no futuro. Assim, o marcador do nível de vitamina D (25 (OH) D) tem se mostrado um elemento significativo nessas pesquisas.

Importância da vitamina D para bebês

Para os bebês, onde o único alimento é o leite materno, é essencial que a mãe acompanhe como está o seu nível sérico de 25 (OH) D. Ele será transmitido para a criança através da amamentação. Por isso, a American Academy of Pedriatrics (AAP) recomenda, como prevenção de raquitismo, a ingestão suplementar de 400 UI por dia para lactentes, taxa que pode aumentar até 800 UI por dia em bebês prematuros, de pele escura e aqueles que residam em latitudes do norte ou em altitudes mais elevadas.

O raquitismo, além de causar retardo na evolução da criança pode resultar em uma série de fraturas e consequências estruturais, como pernas e costelas arqueadas e aumento das extremidades ósseas. Igualmente os ossos do crânio demoram mais a se unir e fechar a moleira, o que pode ocasionar o aumento do volume da cabeça.

A formação da dentição, que se inicia entre o segundo e terceiro mês de vida, depende também de um bom nível sérico da vitamina D. Ela é responsável pela regulação de cálcio e fósforo, bases minerais tanto para a dentina (tecido dental posicionado abaixo do esmalte) quanto para o esmalte do dente.

Se preocupar com a vitamina D da infância à adolescência pode prevenir problemas de saúde.
Na infância e adolescência, a atenção ao consumo de vitamina D e o estímulo a uma vida com exercícios ao ar livre são fundamentais para a manutenção da saúde óssea e muscular e reforço da imunidade. As propriedades anti-inflamatórias da vitamina D agem diretamente por meio da modulação hormonal, sendo relevante principalmente nessa fase, em que é comum a aquisição de viroses, infecções respiratórias, alergias e outras doenças.

É importante destacar que as pesquisas avançam cada vez mais estabelecendo uma relação entre a vitamina D (calciferol) e a obesidade mediante mecanismos que regulam o aumento do tecido adiposo. Além desse ponto, foi constatado que baixas concentrações de calciferol estimulam a liberação de mediadores inflamatórios, que acabam contribuindo para o ganho de peso.

A hipovitaminose D é uma questão de saúde pública mundial, muitas vezes ignorada pelas pessoas que acreditam receber sua dose diária apenas pela exposição ao sol. A infância, como tempo apropriado para a construção de conceitos, é a melhor fase para estimularmos a adoção de hábitos saudáveis na alimentação e a vida ao ar livre. Estabelecer o consumo de leite enriquecido, ovo e peixes gordos, como atum e sardinha em lata e o salmão vermelho, além do suco de laranja periodicamente, pode ser um bom jeito de começar.

 



Referências:
1. Mahan, L. Kathleen, Janice L. Raymond. Krause Alimentos, nutrição e dietoterapia. 14. ed. Elsevier, 2018.
2. Whitney, Ellie. Rolfes. R. Sharon. Nutrição. Vol.1. Entendendo os nutrientes. Cengage Learning, 2017.
3. Cozzolino, F. Silvia Maria. Biodisponibilidade de nutrientes. 6 ed. Atualizada e ampliada. Manole, 2020.

4. Wagner CL, Greer FR, American Academy of Pediatrics Section on Breastfeeding, et al: Prevention of rickets and Vitamin D deficiency in infants, children and adolescents, Pediatrics 122:1142-1152,2008

5. Misra M, Pacaud D, Petryk A, et al: Vitamin D deficiency in children and its management: review of current knowledge and recommendations, Pediatrics 122:398-417,2008.